Há alguns meses um termo começou a fazer parte do dia a dia de quem mora na internet: Bitcoin.
A ideia geral é que ela é uma moeda, e que vale muito. Afinal, foi por isso que ela caiu na boca do povo. Todo mundo já ouviu falar da pessoa que comprou 27 dólares em Bitcoin e quando viu tinha mais de 800 mil na carteira ou o garoto que comprou 1 mil dólares e quando completou 18 anos era milionário, etc.
Mas o que faz essa moeda ser tão valiosa? Quem a criou? Se não existe fisicamente como pode ter valor? Como esse valor é calculado? Como ela surge? Existem outras além dela? Essas e outra questões a partir de agora.
P.S. Todas os cálculos e cotações foram feitas com os valores do dai 19/09/2017
Leia também
Bitcoin a moeda do futuro
Pense em um investimento que quando você compra paga míseros 0,00076 dólares pela unidade e, 4 anos depois, quando resolve vender arrecaca mais de 1.240 dólares por cada? Acha impossível?
Bom, se você estava ligado numa tal desconhecida moeda virtual lá em 2010 e resolvesse comprar míseros 600 reais dela na época, hoje venderia por nada mais nada menos do que 52 milhões. Eeeeita. Essa é a valorização pela qual passou o Bitcoin a mais bem sucedida moeda virtual – embora nem de longe tenha sido a primeira.
As vantagens da moeda vão da segurança à liberdade e tarifas zero, mas para que ela chegasse no patamar que ocupa hoje com um market share de mais de 67 bilhões de dólares, a caminhada foi longa.
A história da moeda
O primeiro Bitcoin surgiu em 3 de janeiro de 2009, poucos meses após o 29 de setembro de 2008, dia da maior baixa da bolsa de valores depois da Grande Depressão, aquela que aconteceu em 1929 e que reduziu papéis e moedas a porcentagens ínfimas de seu valor até então. Embora não tenha sido a maior das crises da economia moderna ela foi grande o suficiente para acabar com instituições sólidas como bancos tradicionais que tiveram de fechar as portas enquanto muita gente ia junto e perdia rios de dinheiro.
Para que a coisa não piorasse ainda mais o governo dos EUA – onde começou o problema – decide injetar nada mais nada menos do que 700 bilhões de dólares, provenientes de impostos, de maneira maciça na economia (quase 17 TRILHÕES a longo prazo e de maneira indireta, segundo a Forbes).
Daí você pensa: “Legal o governo se preocupar com as pessoas e cobrir o prejuízo da crise”. Não é bem assim, pois se você não fosse uma das poucas pessoas que podem bater no peito e dizer que são donas ou acionistas de um banco então não tinha muito o que comemorar com esse plano emergencial de salvamento das instituições financeiras.
Somente em 2008 mais de 860 mil famílias perderam suas casas por não conseguirem pagar a hipoteca e foram despejadas. Isso mesmo: para os bancos que especularam com o dinheiro dos outros e causaram todo o problema, a ajuda bilionária, para as pessoas, a execução da dívida.
Assim ficou uma questão no ar: Por que o valor do dinheiro tem que ser de responsabilidade dos governos e das grandes instituições se quando a coisa aperta são os outros que pagam o pato? Por que a responsabilidade não pode ficar a cargo de pessoas “comuns” já que são elas que fazem girar o dinheiro no dia a dia?
Essa foi a premissa inicial do Bitcoin de acordo com Satoshi Nakamoto, seu criador: Uma moeda justa onde as transações ocorram livremente de pessoa para pessoa, todas elas sendo registradas em modo público e aberto na internet, sem a possibilidade de falsificação e prejuízos por parte de pessoas mal-intencionadas e, principalmente, sem intermediação governamental, o que garante um sistema livre de taxas, corrupção e sem ter os riscos que uma centralização traz consigo (como o da quebra de 2008 e a imediata resposta do governo em prol dos bancos).
Mas antes de avançarmos com a história do btc, um adendo: Ainda não se sabe quem é esse tal de Satoshi, se é um nome real ou fictício, não se sabe nem mesmo se trata-se de “ele”, “ela” ou “eles”, pois o suposto criador limitou-se apenas a conversas em fóruns online e nada mais; nunca mostrou a cara. Após criar o que viria a ser o Bitcoin e explicar como tudo funcionava àqueles que propuseram lhe ajudar na empreitada, Satoshi passou o registro Bitcoin.org, entregou os códigos fonte aos que dariam continuidade e desapareceu no início de 2010.
Desde então muitos já foram apontados como o verdadeiro Satoshi, entre eles mestres em criptografia, criadores de moedas virtuais anteriores ao Bitcoin, entre muitos outros. Hoje, após diversas especulações e “chutes”, o “último e atual” criador da moeda é o australiano Craig Steven Wright.
O que lhe classifica como tal é que além de ser um gênio dentro da computação, ele desenvolveu o primeiro cassino online do muno, fundou uma empresa de segurança virtual e computação forense, além de ter fundado a empresa de criptomoeda DeMorgan.
Bem, sendo ele ou não, o tal Satoshi verdadeiro que está por aí em algum lugar do mundo está muito bem já que se especula que ele tenha cerca de 1 milhão de bitcoins em sua carteira virtual. A fortuna, em valores de hoje 1909-2017, é algo como 4 bilhões e 200 milhões de dólares.
Voltando ao Bitcoin, assim criou-se um sistema imbatível, pelo menos em teoria. Com a transação ocorrendo ponto a ponto, sem intermediários ela não pode ser controlada, taxada ou regulada. Pense bem: se você for enviar dinheiro para uma pessoa através da internet utilizando os meios tradicionais como faria? Precisaria envolver uma terceira parte, seja um banco e uma operadora de cartão de crédito ou então o PayPal. Alguém teria que intermediar essa transação e, além da tradicional “taxinha” , poderia, inclusive, em um ato de loucura reter o seu dinheiro e não devolver nunca mais.
Achou esse exemplo muito extremo? Então pergunte para alguém que teve sua poupança confiscada em 1990 pelo presidente Collor.
Com o sistema funcionando Satoshi faz a primeira transação em Bitcoin em 12 de janeiro de 2009, enviando 50 Btc a Hal Finney um dos primeiros a ajudá-lo com a programação da moeda é gerado. O registro público da transação pode ser visto aqui. A primeira cotação da moeda aconteceu alguns meses depois, em 5 de outubro, quando a New Liberty Standard avaliou que 1 dólar poderia comprar pouco mais de 1300 Bitcoins. Hoje isso equivala a mais de 5 milhões e 200 mil dólares.
A primeira “casa de cambio” a negociar a moeda virtual, a DWDollar, começaria a operar com a moeda em 6 de janeiro de 2010 avaliando que ela valia 0,001 dólar. Agora já estava tudo pronto para acontecer a primeira transação pública de Bitcoin. Ocorreu em 22 de maio quando ele valia 0,0025 e 10 mil bitcoins foram utilizados para comprar uma pizza de 25 dólares, hoje a pizza custaria quase 40 milhões.
O grande boom do Bitcoin aconteceria em 1 de janeiro de 2011 quando a Silk Road abre as portas e adota a moeda como moeda oficial de todas as operações ocorridas por lá. Se você nunca ouviu falar da iniciativa, eu explico: o SR surgiu na Deep Web, aquela internet escondida e “perigosa”, com o intuito de comercializar todos os tipos de contrabando possíveis: armas, documentos falsificados e drogas, muuuitas drogas. Para acessar a Deep Web você precisa de um navegador especial, o Tor, que lhe deixa anônimo (o que você, certamente, deseja caso vá comprar meio quilo de heroína).
Pelo mesmo motivo de irrastreabilidade o Bitcoin começou a ser comercializado em grandes quantidades na Deep Web e seu valor dispara passando a ser cotado em 0,32 dólar.
Com o recente sucesso na Deep Web o despretensioso site Mt. Gox fundado por um americano morando no Japãor e que havia sido criado ainda em 2010 desponta reentinamente como o maior site para compra e venda da moeda, elevando o valor do Bitcoin para 0.88 dólar. Logo aconteceria a paridade com o dólar de 1 para 1.
E se o Silk Road já tinha bombado a moeda com a inauguração do site ele ainda daria um segundo empurrãozinho ao Bitcoin com o seu outro extremo: o fechamento do site. Mas para entendermos como tudo isso aconteceu temos que ver o cenário como um todo:
Em 2012 o SIlk Road já movimentava mais de 22 milhões de dólares por ano, tudo em Bitcoin. Nessa época a União Europeia já havia oficializado a moeda, o BitInstant figurava como a grande negociante do mercado, o valor de mercado dos Bitcoins em circulação havia passado de 1 bilhão de dólares e a moeda digital já era cotada em mais de 500 dólares a unidade.
Essa conjunção de fatores fora o suficiente para chamar a atenção dos bancos e eles verem que aquela besteira de dinheiro de mentirinha era mais séria e perigosa do que nunca. Com um poderoso lobby do setor e do governo dos Estados Unidos o FBI fecha o cerco sobre o Silk Road acabando com suas atividades outubro de 2013, sendo o seu fundador, Ross Ulbricht, preso em 2014. A partir de então começaria um grande circo.
Ross foi preso na Califórnia, os servidores que hospedavam o Silk Road estavam fora do país e os compradores e vendedores eram das mais diferentes partes do mundo, então por que o julgamento ocorreu em Nova Iorque, mais precisamente no sul da ilha de Manhattan? Pelo simples motivo que lá fica Wall Street, o coração do sistema bancário mundial.
Ross não foi julgado por intermediar drogas ou armas, mas sim por fomentar um sistema que desafiava e começava a incomodar as grandes corporações. Suas sessões no tribunal tiveram repercussão nacional, grande acompanhamento midiático e buscava passar apenas uma mensagem: Quem mexe com Bitcoin se dá mal. Só isso explica a prisão perpétua a qual ele foi condenado. Mas como disse há pouco, toda a questão acerca do fechamento do maior site de serviços ilícitos do mundo só conseguiu fazer com que milhares de pessoas ouvissem falar sobre a tal novidade e se interessassem pelo assunto.
Outra coisa interessante nessa questão é a seguinte: o Bitcoin carecia de regulamentação na época, logo, ele não é ilegal e possui-lo não é nenhum crime. Assim, toda a fortuna em Bitcoins que estava com o Silk Road deveria ser posta em leilão após ser apreendida pelo FBI, da mesma forma que acontece com a Ferrari ou helicóptero de um traficante. O resultado é esse mesmo que você está pensando: mais propaganda gratuita ao mesmo tempo em que, indiretamente, a operação termina por legitimar o Bitcoin como uma moeda. CHECKMATE.
Estava montado o cenário para, em breve, começar a operar a primeira casa de câmbio de Bitcoins do mundo. Onde? Ali mesmo em Wall Street, há alguns metros da maior bolsa de valores do planeta.
“Pobres” dos bancos: agora sim que a questão do Bitcoin não iria esfriar tão cedo, culminando em uma série de debates que visavam à criação de uma regulamentação local para a criptomoeda e as casas que a operavam em Nova Iorque.
Quando a BitLicence foi concluída, em 2015, a negociação da moeda virtual naquele estado ficou inviável por conta das taxas, certificações exigidas, etc. A saída era bloquear totalmente o acesso aos residentes no estado, mas como bloquear o acesso à região que costuma ser o centro do capital? Em outras palavras, buscava-se uma total inviabilização do Btc. Lawski
Conseguiram? Em partes, pois aquele centro de venda de Bitcoins a 30 metros da bolsa de valores de NY e outras 10 casas de venda no estado foram imediatamente fechadadas logo que as imposições entraram em vigor. Mas o mais interessante de tudo é o seguinte: as regras do negócio de moeda digital em Nova Iorque foram criadas pelo Departamento de Serviços Financeiros do Estado de Nova Iorque, chefiado por Benjamin Lawsky.
Pois bem, logo após as regulamentações entrarem em vigor o que foi que Lawsky fez? Pediu demissão do cargo público e criou uma empresa de consultoria para quem desejasse abrir um negócio de compra e venda de bitcoins e precisava de uma ajudinha para passar pelas leis criadas por ele próprio.
Em outras palavras o que ele fez foi o seguinte. Viu o enorme potencial do Bitcoin, construiu um muro em volta dele, sentou no portão e passou a cobrar a entrada de quem desejasse usufruir da novidade.
Hoje o cenário parece ter mudado, inclusive para os bancos. As maiores instituições financeiras do mundo já têm um responsável altamente treinado e bem pago para lidar apenas com os Bitcoins, inclusive o JP Morgan, que deu uma declaração polêmica e totalmente compreensível para uma instituição bancária (eu também daria se fosse banqueiro).
O que mais empolga eles (e todos os que lidam com grandes somas de dinheiro) é a cadeia de validação da blockchain. Algumas gigantes já investem em suas próprias versões da inteligência para validar transferências de derivativos, transferências de títulos ou qualquer outro instrumento financeiro de alta volatilidade e que demanda uma forma complexa de transferência. Mas claro, usando as suas máquinas e não aquelas de mineradores anônimos. Para eles encontrar um meio de controlar esse sistema de validação talvez seja mais importante do que a própria segurança das transações.
Essa é a aposta de, por exemplo, Blythe Masters, CEO da Digital Asset Holdings, empresa que desenvolve tecnologia para negociações financeiras de grande porte, e uma das pessoas mais influentes da área. Segundo a própria:
Assim o caminho parece estar traçado, pelo menos para Blythe. Se o Bitcoin surgiu para contornar Wall Street o que ela quer fazer é trazer Wall Street para perto do Bitcoin.
E os investidores iniciais de Bitcoin, aqueles que ajudaram a criar o código e expandir a indústria, será que eles se importam? Nem um pouco, segundo eles próprios. O Bitcoin é incontrolável, não importa quem o esteja tentando centralizar e dominar, não conseguirá. O próprio mercado irá “controlá-lo” ao mesmo tempo em que o mantém livre e descentralizado.
Depois de tantas idas e vindas o Bitcoin já vale mais de 4 mil dólares e balança, mas não cai. Enquanto a China proíbe o comércio e transação da moeda em seu país enquanto não houver regulamentação central, a União Europeia sinaliza a vontade de ser o primeiro continente Bitcoin do mundo.
É claro que, hoje, se você tiver 1000 bitcoins – e teoricamente for rico por isso – ainda assim poderá morrer de fome caso seja largado em um país desconhecido sem nada na carteira. Bitcoins ainda são pouco aceitos como forma de pagamento no comércio, mas isso é só questão de tempo, é claro. Aqui mesmo no Brasil já existem caixas eletrônicos que trocam seus bitcoins por dinheiro vivo.
Aahh, e lembrando sempre que até hoje nenhum banqueiro ou agente de Wall Street foi responsabilizado pela crise de 2008; também nenhum deles foi sentenciado por lavagem de dinheiro. Não sabia disso? Pois é, não se costuma falar muito alto sobre esses temas quando eles envolvem os donos de banco, mas se você clicar aqui vai ver como o HSBC ajudou terroristas, o regime do Irã, a Síria, cartéis mexicanos, etc. a lavar MUITO dinheiro. Mostre esse link quando alguém lhe disse que Bitcoin só serve para lavar dinheiro =)
Regimes que o HSBC ajudou a lavar dinheiro
Como funciona a BlockChain, coração do Bitcoin
Como você viu brevemente ali em cima, a característica mais marcante do Bitcoin é que as transações são totalmente anônimas e tudo isso graças à Blockchain.
É com ela que cada Bitcoin é registrado digitalmente, assim como a transação como um todo, dizendo quem foi o emissor e quem foi o receptor do valor, podendo ser vistas por qualquer um. Assim temos um documento digital que mantém o registro de todos os pagamentos feitos com a criptomoeda. Uma vez registrado a informação ali, ela nunca mais poderá ser apagada ou editada.
Para autenticar essas transações e garantir que elas são válidas é que existem os mineradores, o elo mais importante na cadeia do Bitcoin. São eles que mantém o livro-caixa do Blockchain sempre atualizado e confiável.
Eles fazem isso disponibilizando o poder de processamento do seu computador que farão as checagens de hash e dos dados criptografados da moeda para atestar se a transação é legítima (não me peça para explicar isso, pois trata-se de um complicado sistema de criptografia). Assim o poder regulador não é mais do Banco Central ou do Banco do Brasil, mas sim de um coletivo de computadores independentes que verificam e validam cada transação.
Por isso que, segundo alguns, a moeda nem é o fator mais importante do próprio Bitcoin, mas sim o sistema de Blockchain que revoluciona o meio como as transações ocorrem.
Comprovante de transferência
Uma transação que eu fiz em Bitcoin, por exemplo, está registrada e disponível no seguinte link. Repare que em nenhum momento há algo que me identifique ou identifique para quem eu enviei o dinheiro. Tudo por segurança.
Ao invés de aparecer João enviou 0.15 btc ara Maria, aparecerá 351jfRSfdfrE enviou 0.15 para g514ds5Ag5tr847s5SDF. Assim não se sabe quem gasta o dinheiro, onde se gasta o dinheiro, em qual parte do mundo ele sai e onde ele chega, etc. A transação é irrastreável e direta entre as partes.
Como minerar meus bitcoins?
Ok, você já viu que Bitcoins são muito rentáveis, promissores e quer entrar de vez nesse negócio, porém, não quer investir os mais de 15 mil reais que custam, atualmente, 1 unidade? Então você pode minerar seu próprio BTC.
Como vimos uma das grandes sacadas dessa moeda é que ela não depende de um órgão regulador como um banco central ou um governo que decide se emite mais bitcoins ou não. Quem faz esse trabalho é eu e você que iremos “minerar” a moeda.
Segundo os cálculos de Satoshi, em 2140, atingiremos o máximo de Bitcoins em circulação: 21 milhões de moedas. Este é o limite programado pelo sistema. É fixo e não pode ser alterado. Hoje temos circulando pouco mais de 16 milhões, ou seja, ainda há uma fortuna para ser escavada. Então vamos ver como garantir sua participação nesse bolo.
Lembra que lá em cima eu disse que para ter segurança um dos pontos chaves é que as transações devem ser validadas por uma série de máquinas ao redor do mundo? Para que estas máquinas validem os cálculos elas gastarm bastante processamento – lebre-se: o cálculo é complexo – e bastante energia elétrica, assim, nada mais justo do que pagar o minerador pelo seu serviço, correto?
Fazenda de bitcoins
Assim a cada X verificações que um minerador faz emprestando sua máquina, uma quantia minúscula de Bitcoin é gerada e depositada em sua carteira virtual.
O negócio já foi bastante rentável nos primórdios, mas como todo negócio regido pela Lei da Oferta e da Procura, hoje não compensa mais, pelo menos não para eu ou você que tem apenas um computador fazendo o serviço. Os cálculos mostram que os bitcoins gerados não são suficientes para pagar nem mesmo a energia elétrica gasta no processo.
A saída é você ter um hardware customizado para mineração. Assim você conseguirá muito mais operações (e Bitcoins) com o mesmo uso de energia elétrica. É nesse momento que a coisa começa a ser rentável.
Assim surgiram as famosas fazendas de Bitcoins, prédios cheeeeios de máquinas que mineram 24 horas por dia, 7 dias por semana. As maiores dela estão na China (ou estavam, pois ainda não foi anunciado o que será das fazendas após o bloqueio chinês, se ele atingirá as mineradoras ou só as casas de compra e venda). É lá, escondida no nordeste da China, que se esconde um complexo secreto de 6 minas que pertencem a 4 pessoas. Elas não abrem o jogo sobre seus ganhos e custos, mas em uma das poucas vezes que o fizeram (você confere no vídeo abaixo) foi revelado que em outubro de 2014 elas mineraram mais de 4 mil Bitcoins naquele mês, o que na época valia mais de 1.5 milhão de dólares.
O ambiente dentro delas é bastante insalubre: muito barulho e muito calor por conta das milhares de estações de mineração fazem das minas locais pouco cotados para ganhar o prêmio de melhor lugar da China para se trabalhar.
Ficou interessado? Então confira este post (link em breve) com o passo a passo com tudo o que você precisa fazer para entrar no ramo da agricultura virtual.
Vale a pena apostar na moeda ainda?
Após tudo isso fica uma dúvida: Vale a pena apostar nela ainda seja comprando na baixa para vender na alta ou minerando suas próprias moedas ou ela já está tomada por grandes investidores, o que dificulta o acesso a nós meros mortais?
Acho que os 2, mas se eu tivesse 1 milhão de reais hoje, eu investiria tudo em Bitcoins. Explico:
Segundo analistas o Bitcoin ainda tem muito o que crescer, principalmente em países como o nosso onde os bancos cobram taxas e juros exorbitantes para movimentar um dinheiro que de toda forma JÁ É SEU. Eles cobram uma fatia grande da sua grana para não fazer nada, apenas dar um ok na transação, coisa que o BTC não cobra.
Hoje o Bitcoin ainda está em tempos de garimpo e por isso seu preço é muito flutuante (mesmo fenômeno percebido caso você veja o índice de preços do ouro na época da grande mineração do Velho Oeste americano). Assim, embora ele despenque em um dia, logo ele sobe novamente e dá uma margem de lucro fabulosa àqueles que compraram na baixa.
Pegando somente o gráfico da última semana a flutuação dele permitiu que aqueles ligados no mercado de moedas virtuais ganhassem mais de mil dólares por btc SEM FAZER NADA. Olha só:
Agora, se você tivesse comprado há pouco mais de 1 mês, olha quanto ia ter pago (lembrando que hoje está sendo vendido por pouco mais de 4 mil):
E mesmo assim, segundo analistas, caso você compre pagando os 4 mil dólares em cada moeda (ou cerca de 15 mil reais) os seus lucros podem ser imensos em pouquíssimo tempo. Vamos aos fatos que apontam que o Bitcoin vai disparar:
A galera que entende do mercado (ou seja, não sou eu quem tá falando) aponta que a moeda virtual é a solução ideal para aos mais de 2.5 bilhões de pessoas do planeta que não possuem conta bancária seja por não terem a oportunidade, não aceitarem as taxas, etc. E quanto mais o Bitcoin evoluir e se enraizar nos negócios tradicionais, mais pessoas tenderão a aposentar as antigas contas bancárias em benefício da moeda virtual.
Pense bem: Você tem uma conta no banco, certo? Além de terem todo o seu dinheiro, eles têm seu nome, seu endereço, quanto você ganha, quanto movimenta, se precisa de crédito, se recentemente comprou um carro ou casa, seu histórico de compras e pagamentos, etc. Eles sabem tudo sobre você. No Bitcoin você não existe, ou melhor, existe como rf64dszR8G489SE564vaafeDJdsAmysOa58D, um código criptografado impossível de ser rastreado e importunado, seja com uma propaganda dirigida ou uma extorsão mesmo.
Outro ponto a ser levado em conta são as transferências e remessas entre países. Por exemplo: fulano resolve imigrar para os Estados Unidos onde ganhará um salário bem mais atrativo do que em seu país. Então a partir dos Estados Unidos ele começa a enviar grana para sua família que ficou no país de origem.
Talvez ele seja um imigrante ilegal nos EUA e por isso engorde o número daqueles 2.5 bilhões de pessoas que não possuem conta bancária ou talvez ele apenas não queira pagar as taxas abusivas. A saída hoje para estes imigrantes é utilizar o serviço Western Union que faz remessa para praticamente todos os países do mundo, mas claro, com uma taxinha. O Bitcoin tem o poder de fazer isso sem cobrar taxas, sem burocracia, sem supervisão governamental e tudo em questão de minutos.
Para título de comparação: Hoje a Visa autentica cerca de 25 mil transações por segundo ao redor do planeta, o Western Union 750 e o Bitcoin apenas 7. Mas responda rápido: Qual delas tem mais chances de crescimento?
O Bitcoin é atrativo, sobretudo, para nós que vivemos em uma economia não tão forte como o dólar ou o euro. Ele é mais resistente a variações estrangeiras e índices governamentais, além de ser mais “democrático”. Exemplo: diferentemente de uma moeda tradicional que, na maioria das vezes, só pode ser dividida por 100 partes (1 real em 100 centavos), 1 Bitcoin pode ser dividido em partes mínimas, teoricamente sem limite.
Você pode enviar por exemplo 0.0000000000000000001 Bitcoin para a carteira de um amigo sem problemas. Assim a moeda está pronta para se expandir conforme a necessidade, o que é bom, principalmente, para os mercados emergentes como nós, onde comprar 1 btc é caro, mas 0,0005 é aceitável. Ainda acha caro comprar 0,0005? Então compre 0,000009 e assim por diante.
A evolução do Bitcoin é bastante discutida em eventos globais para organizar as diretrizes da moeda nos próximos anos. Em uma destas conveções, Wences Casares, membro do conselho de diretores do PayPal e fundador da carteira de Bitcoin Xapo fez uma previsão bastante animadora no início de 2017: Segundo ele a moeda baterá o valor de 1 milhão de dólares em 5 a 10 anos.
Whoa. PayPal guy & @xapo @wences : only buy the #bitcoin you can afford… and predicts it will hit $1 million in 5-10 yrs #consensus2017— SusanPoole (@BitCoinSusan) 23 de maio de 2017
Parece exagero? Sim, mas vai saber né? E você tiver aí uns dólares sobrando vale a pena comprar uma fração e deixar esquecido na carteira. Só não vai esquecer da carteira, como alguns aí =/
Outras moedas
E se você quer entrar no ramo do investimento digital, mas acha que o Bitcoin já está fora da sua alçada, então que tal apostar em outras moedas? O Bitcoin é a mais famosa de todos, mas nem por isso quer dizer que é a única.
Outros nomes incluem o Ethereum (cerca de 280 dólares), Litecoin (pouco mais de 50 dólares), Dash (323 dólares), Monero (pouco menos de 100 dólares), etc.
Duvida de que alguma outra moeda consiga fazer tantos milionários como o btc fez em seus primórdios? Então veja a história desse garoto com o Ethereum:
Um belo dia a moeda operava na casa dos 320 dólares até que uma gigantesca venda é feita. Como as moedas virtuais operam no sistema de oferta e procura, naquele segunfo milhares de Ethereuns entraram no mercado fazendo com que o seu valor caísse para cerca de 225 dólares.
Imediatamente ordens de Stop loss começaram a ser disparadas (ordem automática que você configura para evitar perdas maiores. Por exemplo: fulano compra Ehtereum por 300 dólares e configura uma Stop Loss: caso ele baixe para menos de 280 uma ordem imediata de venda é disparada para que se evite maiores danos) e mais Ethereuns foram jogados no mercado e, consequentemente, seu valor foi baixando ainda mais. Em instantes ele estava cotado em 10 centavos de dólar.
Na outra ponta estava um usuário sem muito capital para investir que tinha programado uma compra automática quando o valor da moeda ficasse baixinho. Ele programou a compra de 380 dólares em Ethereum. Assim, quando o valor de 10 centavos por moeda foi atingido seus 380 dólares a 10 centavos lhe garantiram nada mais nada menos do que 3.800 Ethereuns.
Pois bem, vida que segue e em minutos o mercado se reestabelece voltando a vender a moeda a mais de 300 dólares. Resultado: Em minutos ele(a) transformou 380 dólares em mais de 1 milhão.
Críticas ao Bitcoin
Quando se fala em Bitcoin, 2 argumentos do pessoal contrário à moeda logo surgem na discussão: Que ele vai ser usado para o mal e que ele não existe, logo não tem valor algum.
Quanto ao 1º comentário, acho desnecessário rebater. É certo que o Bitcoin deve muito do que é hoje aos negócios obscuros que rolavam no Silk Road, mas e daí? As armas e drogas que se vendem hoje em dia são pagas como? Com abraços? Não, com euros, dólar, real, etc. O problema não é a moeda.
Não deixem que eles façam você acreditar que ser anônimo é uma coisa ruim.
Quanto ao segundo argumento dá pra alongar alguns parágrafos:
Responda o que faz a sua nota de 100 reais valer 100 reais e a nota de 2 reias valer 2 reais? Por que você pode comprar bem mais coisas com a primeira do que com a segunda? Certamente não é a cor dela ou o animalzinho que está impresso ali atrás.
Genericamente uma nota é um papel pintado, certo? Então o que garante o valor de um papel?
Chama-se lastro. Lastro é a garantia de uma economia. É o que garante que os X bilhões de reais em circulação no país realmente valhem X bilhões de reais “fisicamente”. Antigamente era medido pelo volume de ouro que um país possuía, hoje é calculado pela soma de todos os patrimônios que possui um país como reservas de petróleo, minérios, etc.
Por exemplo: Esqueça a questão de inflação e suponha apenas que o Brasil vai imprimir 100 milhões amanhã para colocar na rua. Se o país não tiver algo que valha estes 100 milhões para lastrear a impressão do dinheiro, ele não terá efeito. Será um papel vazio; sem valor.
Agora depois disso tudo, o que garante o valor do seu real? Será que se você fosse no Banco Central ele ia te dar um punhadinho de ouro pela suas notas? Parece conversa de louco, mas é só pra dizer que todas as economias – a não ser que você trabalhe diretamente com ouro – estão baseadas em um senso mútuo de confiança em um nível maior ou menor.
Fonte: www.oficinadanet.com.br